À conversa com d10s

Recentemente, tal como já noticiado aqui, o treinador português Cristiano “D10S” Carvalho deixou o projeto dos Galorys. Fomos ao seu encontro para recolher o seu testemunho geral sobre a experiência no Brasil, país onde se encontra desde agosto de 2023.

D10S, muito obrigado por nos concederes esta oportunidade para falarmos um pouco sobre a tua aventura no Brasil, iniciada com os “Filhos de D10S”.

Quando chegaste a um cenário novo na América do Sul, quais foram as principais diferenças que notaste em relação àquilo a que estavas habituado na Europa?

As maiores diferenças estão relacionadas com a aceitação da hierarquia entre treinador, IGL e jogadores, com a velocidade que se imprime nas rondas, e também com a visão positiva que os brasileiros têm sobre o treinador europeu.
Além disso, notei uma diferença clara nas condições financeiras e estruturais, que são bastante superiores às que encontramos em Portugal.

Rapidamente, as pessoas no Brasil começaram a reconhecer o teu trabalho — não apenas pelos resultados alcançados, mas também pela interação positiva com a comunidade.
Achas que essa boa receção e o facto de teres entrado com o pé direito ajudaram na tua adaptação ao cenário brasileiro?

Sempre fui alguém muito ligado à comunidade brasileira, em grande parte pelo carinho que sentia pelo Gaulês desde cedo. Ter uma interação próxima com o cenário, seja através de tweets ou até algumas aulas particulares, tornou tudo muito mais fácil — desde a criação de amizades até à valorização do meu próprio trabalho.

Sendo o trabalho do treinador um pouco menos visível de forma geral, receber feedbacks positivos da comunidade é sempre um gás extra que nos motiva a fazer mais e melhor.

Em janeiro de 2024, ingressaste nos Galorys, onde estiveste até agora.
Sentes que a equipa acabou por estagnar um pouco, devido às frequentes mudanças no lineup?

A Galorys no início de 2024 teve um bom pico de performance. No entanto, o projeto para 2025 teve um intuito diferente e, de certa forma, infeliz. Com o budget disponível, a melhor forma de rentabilizar o projeto seria apostar em jogadores jovens, sem tanta experiência, tentando transformá-los em possíveis vendas ou numa equipa forte e consistente.

A verdade é que o projeto não correu tão bem como o esperado, influenciado também pelo sistema VRS, que nos impediu de participar em torneios por praticamente três meses. A planificação já havia sido feita para 2025 antes do anúncio do VRS, e acabou por resultar num primeiro semestre de baixa visibilidade e resultados.

Para terminar, o que é que mais te marcou durante o tempo em que estiveste a trabalhar no Brasil, e qual é a opinião que levas sobre o cenário ao saíres desta experiência?

Gosto muito de trabalhar no Brasil e espero manter-me por cá por um bom tempo, procurando o meu espaço e conseguindo escalar até às organizações que têm o Major como objetivo.

O cenário tem aspectos marcantes, alguns menos positivos, como a dificuldade em encontrar treinos diversos, sem repetir adversários e mantendo ao mesmo tempo a qualidade do treino.
Por outro lado, há coisas muito boas, como as condições de trabalho, a forma como os jogadores querem aprender e a maneira apaixonada com que vivem e vibram o jogo 24/7.

Muito obrigado, D10S, por teres aberto um pouco o livro conosco sobre os teus últimos meses de trabalho.
Esperamos que, em breve, possamos voltar a ver-te ativo num novo projeto.


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